sábado, 10 de agosto de 2013

Amadurecimento necessário da alma

O paradoxo existencial: a intensa pressa em viver tudo que há para ser vivido e, em contrapartida, o medo em fazê-lo. Temor este que existe de maneira tímida, discreta, quase imperceptível, mas que possui papel fundamental na máquina direcionadora das condutas do indivíduo. Costumo falar que o maior e mais difícil defeito humano de ser perdoado é o egoísmo... No entanto, o que mais me incomoda, de fato, (e, portanto, o que mais enxergo em mim) é o tal do MEDO, posto sempre estar nos bastidores das maiores decepções e frustrações nas relações entre pessoas. Pelo medo deixa-se de viver ou vive-se de maneira insatisfatória, incompleta, comedida, previsível, SEGURA. Corajosos aqueles que ousam, arriscando-se mesmo quando o temor assombra feito uma voz no pé do ouvido, desencorajando-nos e incentivando à estadia na zona de conforto. Posto isso, o grande propósito da vida é o amadurecimento da alma, a meu ver. Amadurecer tem a ver com desprender-se de vícios comportamentais que nos atrasam, obviamente, e é justamente aí que reside a maior dificuldade. Desapegar-se de comportamentos que nos são automáticos, próprios da nossa natureza – instintivos, quase -, em nome de uma evolução espiritual. A brincadeira da vida não se resume a nascermos, procriarmos, morrermos e fim. Muitas vezes observo uma acomodação generalizada nos equívocos (nossos próprios e alheios a nós), que carinhosamente chamo de MIMIMI. Trata-se do abismo da lamentação, inconformidade, vitimização e a imperativa necessidade de atribuição de culpa a alguém, como se a contextualização maquiavélica (bom x mal, certo x errado) da situação fosse trazer paz de espírito efetiva. Ademais, defendo a ideia de ser imprescindível, no mínimo, tirarmos algum proveito das decepções vivenciadas, ou seja, aprendermos algo que possa auxiliar na evolução da alma, caso contrário, QUE VIDA DE MERDA, não?!
Nos meus poucos vinte e um anos de existência terrena, levo uma lição como certa: conforme os anos se passam, a coisa só piora. Contudo, não sejamos pessimistas, pois estar vivo é um presente. Enfim, observa-se na prática, como reação imediata a uma bela rasteira da vida, muitos jogos, competição, disputa de egos, retaliações e por aí vai. Nessa senda, concluo que a vaidade e o medo possuem relação íntima e desta surgem os maiores atrasos de vida. Estamos todos suscetíveis a nos tornarmos vítimas da passionalidade que há no íntimo de cada um; Os sentimentos podem levar qualquer pessoa sã à insanidade num piscar de olhos. Entretanto, como diria Dostoiévski: “Nada é mais fácil do que censurar um malfeitor. Nada mais difícil do que entendê-lo.”. Por mais que a minha fé na Humanidade diminua com o decorrer do tempo, acredito que ninguém é 100% bom ou ruim, de maneira simplória, como na ficção. A vida é deveras complexa e está aí para ser vivida em sua plenitude, o que implica em fazermos, por vezes, o impensado, pecando das mais variadas formas e nos arrependendo posteriormente, em algumas situações. Em suma, tenhamos empatia com o próximo, vez que somos todos mais parecidos do que desejamos enxergar e menos imprevisíveis e únicos como almejamos ser. É imperioso se jogar no mundo sem temer que ele te ferre, pois, afinal, ELE TE FERRARÁ INDEPENDENTE DISSO. Já dizia Kurt Cobain baixo astral que ninguém morre virgem, pois a vida fode a todos igualmente. A zona de conforto é um MITO e a magia está fora dela, por mais clichê que isso soe. Porém, não é preciso se afobar. Como canta o delicioso e brilhante Chico Buarque: “Não se afobe, não que nada é pra já.”.

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