domingo, 27 de junho de 2010

Os bonzinhos só se fodem, mas nem sempre.



Bom dia, queridos leitores e árduos críticos de #$%@ nenhuma,

Venho hoje por meio deste tão abandonado canal para dissertar sobre uma temática que se faz presente na vida de qualquer ser humano social: a civilidade, ou educação, cortesia, tanto faz. Acredito que ela muito tem a ver com o quão escrupuloso alguém é, sabendo-se que alguém com escrúpulos é aquele que inibe uma ação por consideração ética ou moral. Às vezes, é desgastante manter a pose de bom samaritano, pois, como reza a lenda, os bonzinhos só se fodem. Pensando nisso, pretendo debater sobre a validade de ser alguém civilizado nos dias atuais, e se ter escrúpulos é compensatório ou não. Tudo isso, é claro, sem qualquer pretensão de falar as verdades globais ou whatever, mas sim as minhas opiniões, já que esse é um blog, não um site midiático de grande circulação.

Enfim, motivada por alguns acontecimentos, fiquei um tanto reflexiva sobre esse tema, afinal, acreditando vocês ou não, faço parte do clube dos bonzinhos e como tal, costumo me ferrar em alguns momentos. Logo de cara, vou dizer o que penso: acredito que ter escrúpulos é fundamental, já que, sem isso seríamos macacos. É muito comum ver conflitos entre pessoas dos dois tipos - escrupulosas e inescrupulosas. Sempre, desde que o mundo é mundo, duas faces da mesma moeda se desentendem, e isso ainda irá perdurar para sempre. Dessa maneira, é necessário pensar em uma forma pacífica de resolver tais conflitos, uma vez que B.O tende a gerar mais B.O, a não ser que alguém quebre o ciclo.




Assim, cabe ao ser mais desenvolvido, intelectualmente falando, cessar esse padrão, pois os macacos, vulgo inescrupulosos, pouco sabem raciocinar, uma vez que agem instintivamente, seguindo sua natureza babaca. Contudo, por mais que eu julgue os seres sem escrúpulos como irracionais, sei que existem alguns inteligentíssimos dessa "espécie", que são sim a espécie mais perigosa da Humanidade. Mas enfim, aqui desejo tratar sobre os imbecis, não sobre os que usam sua inteligência para o mal, como existem tantos por aí afora.

Desde os primórdios, sempre existiram pessoas e pessoas. Havia alguns altruístas, formadores de opinião, defensores dos injustiçados e pacificadores, ao mesmo tempo em que conviviam com eles pessoas egoístas, que só pensam em se dar bem encima dos outros, agindo moral e/ou imoralmente com a finalidade de atingir seus objetivos egocêntricos. Por mais que isso soe extremamente maniqueísta, não é. Enfim, é e não é, pois não quero rotular essa realidade de maneira tão simplista. O fato é que sempre existiram vilões e mocinhos nas sociedades, por mais que TODOS, sem exceção, apresentem aspectos de ambos, sendo, portanto, anti-heróis, a meu ver. Mas não vou aprofundar nisso agora, talvez em outro post eu o faça.

Contudo, para falar sobre todo esse debate, é preciso usar breves rótulos maniqueístas, para que o entendimento sobre o assunto fique mais "palpável". Enfim, pessoas mais observadoras e atentas à realidade social de sua coletividade, observam frequentemente pessoas que mais ou menos podem ser qualificadas ou como mocinhos ou como vilões em determinadas circunstâncias. Mas isso não quer dizer que uma coisa exclua a outra, por exemplo, em uma situação eu posso ser a mocinha, mas em outra eu posso ser a vilã. O ser humano é assim, um paradoxo vivo.




A meu ver, nessas situações-conflito, como já disse anteriormente, cabe ao mais inteligente encontrar uma resolução pacífica. Geralmente, é o bonzinho que assume esse papel, pois consegue abstrair mais, refletir mais, não visando sair pela tangente, como faria o macaquinho do mal. Enquanto o escrupuloso objetiva botar um fim ao B.O., o vilão sem escrúpulos quer mais é botar lenha na fogueira. No entanto, que fique claro, não estou falando que isso é regra, que em todo caso será assim, mas estou especificando uma situação aleatória. De fato, existem bonzinhos conflituosos, mas isso é exceção.

Portanto, como em toda briga alguém tem que ceder, cabe ao mais maduro e bem resolvido acabar com o conflito, de modo que ninguém saia ferido. Dessa maneira, os bonzinhos não irão se foder, tampouco os vilões irão sair ilesos. É como se fosse um sistema de freios e contrapesos, em que, racionalmente, será decidido um modo plausível de cessar fogo.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Intensidade mode-on.

"Não sinto nada mais ou menos, ou eu gosto ou não gosto. Não sei sentir em doses homeopáticas. Preciso e gosto de intensidade, mesmo que ela seja ilusória e se não for assim, prefiro que não seja. Não me apetece viver histórias medíocres, paixões não correspondidas e pessoas água com açúcar. Não sei brincar e ser café com leite. Só quero na minha vida gente que transpire adrenalina de alguma forma, que tenha coragem suficiente pra me dizer o que sente antes, durante e depois ou que invente boas estórias caso não possa vivê-las. Porque eu acho sempre muitas coisas - porque tenho uma mente fértil e delirante - e porque posso achar errado - e ter que me desculpar - e detesto pedir desculpas embora o faça sem dificuldade se me provarem que eu estraguei tudo achando o que não devia. Quero grandes histórias e estórias; quero o amor e o ódio; quero o mais, o demais ou o nada. Não me importa o que é de verdade ou o que é mentira, mas tem que me convencer, extrair o máximo do meu prazer e me fazer crêr que é para sempre quando eu digo convicto que "nada é para sempre."

Gabriel García Márquez, columbiano que me fascina cada vez mais.

"Extremos da Paixão", de Caio Fernando Abreu.



Não, meu bem, não adianta bancar o distante
lá vem o amor nos dilacerar de novo...

Andei pensando coisas. O que é raro, dirão os irônicos. Ou "o que foi?" - perguntariam os complacentes. Para estes últimos, quem sabe, escrevo. E repito: andei pensando coisas sobre amor, essa palavra sagrada. O que mais me deteve, do que pensei, era assim: a perda do amor é igual à perda da morte. Só que dói mais. Quando morre alguém que você ama, você se dói inteiro(a)- mas a morte é inevitável, portanto normal. Quando você perde alguém que você ama, e esse amor - essa pessoa - continua vivo(a), há então uma morte anormal. O NUNCA MAIS de não ter quem se ama torna-se tão irremediável quanto não ter NUNCA MAIS quem morreu. E dói mais fundo- porque se poderia ter, já que está vivo(a). Mas não se tem, nem se terá, quando o fim do amor é: NEVER.

Pensando nisso, pensei um pouco depois em Boy George: meu-amor-me-abandonou-e-sem-ele-eu-nao-v… Lembrei de John Hincley Jr., apaixonado por Jodie Foster, e que escreveu a ela, em 1981: "Se você não me amar, eu matarei o presidente". E deu um tiro em Ronald Regan. A frase de Hincley é a mais significativa frase de amor do século XX. A atitude de Boy George - se não houver algo de publicitário nisso - é a mais linda atitude de amor do século XX. Penso em Werther, de Goethe. E acho lindo.

No século XX não se ama. Ninguém quer ninguém. Amar é out, é babaca, é careta. Embora persistam essas estranhas fronteiras entre paixão e loucura, entre paixão e suicídio. Não compreendo como querer o outro possa tornar-se mais forte do que querer a si próprio. Não compreendo como querer o outro possa pintar como saída de nossa solidão fatal. Mentira:compreendo sim. Mesmo consciente de que nasci sozinho do útero de minha mãe,berrando de pavor para o mundo insano,e que embarcarei sozinho num caixão rumo a sei lá o quê, além do pó.O que ou quem cruzo entre esses dois portos gelados da solidão é mera viagem: véu de maya,ilusão,passatempo.E exigimos o terno do perecível, loucos.



Depois, pensei também em Adèle Hugo, filha de Victor Hugo. A Adèle H. de François Truffaut, vivida por Isabelle Adjani. Adèle apaixonou-se por um homem. Ele não a queria. Ela o seguiu aos Estados Unidos, ao Caribe, escrevendo cartas jamais respondidas, rastejando por amor. Enlouqueceu mendigando a atenção dele. Certo dia, em Barbados, esbarraram na rua. Ele a olhou. Ela, louca de amor por ele, não o reconheceu. Ele havia deixado de ser ele: transformara-se em símbolo sem face nem corpo da paixão e da loucura dela. Não era mais ele: ela amava alguém que não existia mais, objetivamente. Existia somente dentro dela. Adèle morreu no hospício, escrevendo cartas (a ele: "É para você, para você que eu escrevo" - dizia Ana C.) numa língua que, até hoje, ninguém conseguiu decifrar.

Andei pensando em Adèle H., em Boy George e em John Hincley Jr. Andei pensando nesses extremos da paixão, quando te amo tanto e tão além do meu ego que - se você não me ama: eu enlouqueço, eu me suicido com heroína ou eu mato o presidente. Me veio um fundo desprezo pela minha/nossa dor mediana, pela minha/nossa rejeição amorosa desempenhando papéis tipo sou-forte-seguro-essa-sou-mais-eu. Que imensa miséria o grande amor - depois do não, depois do fim - reduzir-se a duas ou três frases frias ou sarcásticas. Num bar qualquer, numa esquina da vida.

Ai que dor: que dor sentida e portuguesa de Fernando Pessoa - muito mais sábio -, que nunca caiu nessas ciladas. Pois como já dizia Drummond, "o amor car(o,a,) colega esse não consola nunca de núncaras". E apesar de tudo eu penso sim, eu digo sim, eu quero Sins.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Ser ou não ser, eis a questão



Acredito que ninguém conheça ninguém por inteiro, uma vez que isso seria impossível! Ter conhecimento absoluto de alguém implica em escutar seus pensamentos, entender sua criação, compreender todos os motivos que o levam a agir de determinada maneira, etc. e tal. Sei que isso soa meio óbvio, mas é apenas uma introdução. O que eu pretendo falar é que todos nós só exteriorizamos de nós aquilo que convém. Isto é, expomos para o mundo afora características, pensamentos e particularidades nossas que, de certa maneira, nos orgulhamos. Aqueles chamados "dirty little secrets", guardamos conosco até que seja oportuno expô-los para outrém.

Em suma, conclui-se, portanto, que vocês só conhecem de mim o que eu quero que vocês conheçam. E isso não é válido só para mim, obviamente, mas sim para todas as pessoas do mundo, não importa a faixa etária, a classe social, a etnia, a religião e todos esses afins que complementam um pouco na identidade de cada um.

Assim, não posso deixar de pensar: Seríamos nós falsos por essência? Porque se nós só mostramos um pouco de nós para o mundo, deixando de lado todo o resto que faz de nós quem nós somos de fato, simplesmente por ser mais conveniente, nada mais seríamos do que interesseiros. Ou não? Sei que esse é um debate que vai longe, mas hoje eu pretendo ser concisa, não prolixa.

Fico pensando, se nós deixássemos explícito TUDO o que se passa em nossas cabeças, como será que o mundo seria? A mente humana é cheia de conteúdos que assimilamos ao longo da vida, do nosso contato com o mundo e com os demais indivíduos, então é óbvio que nem tudo que contemos é moralmente ou até socialmente digno. Todos temos pensamentos absurdos, desejos grotescos e idéias insanas que jamais gostaríamos que os outros soubessem ou imaginassem que existem.

Será que o grande segredo do sucesso (no que diz respeito aos relacionamentos entre pessoas) é esse ocultamento que fazemos? Esse filtramento de informações, que nos permite "jogar fora" ou "esconder" aquilo que não merece ganhar notoriedade? Será que ao expor apenas uma parte de nossa essência nós não estamos sendo falsos, mas sim inteligentes? Acredito que sim. Não penso que seja falsidade guardar um pouco de nós para nós mesmos. Isso é objetividade, malandragem, BOM-SENSO.

Não é porque algo existe para mim, que deve existir para você. Devemos lidar com as pessoas de forma consciente e cuidadosa, pois o que talvez seja ofensivo, engraçado e bacana para você não seja para mim. Como uma amiga minha, por exemplo. Ela DE-TES-TA piadinhas sarcásticas de humor negro, portanto, em sua presença, eu não faço nenhuma, por mais que eu não veja absolutamente nenhum problema em fazê-las com outras pessoas. Trata-se de uma conveniência coletiva, não individual, ou seja, é imprescindível para o equilíbrio da vida em sociedade.

Por hoje é só, queridos. Um beijo e um abraço, Isadora C.