quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Pensamentos avulsos

Último desabafo sobre o cenário político atual


Não existe assunto mais comentado e que me tire mais do sério do que as eleições presidenciais de 2010. Como se já não bastasse o fato dos presidenciáveis serem despreparados e fracos, a massa dos eleitores, alienada e preconceituosa, consegue superá-los em termos de despreparo e fraqueza. Despreparo porque não fazem seu dever de casa, que consiste simplesmente em ESTUDAR o seu voto, e fraqueza, pois são facilmente manipulados pela grande mídia. Fala-se muito a respeito do fato de a candidata Dilma Rousseff ter declarado ser agnóstica estando em um país majoritariamente católico. Antes apenas falassem a respeito da religião dela, mas usam isso de maneira pejorativa, como se para ser um bom presidente você tenha que ter uma religião. Sinto-me como se vivesse na Idade Média. A Inquisição somos todos nós! Não que eles tenham qualquer similaridade, mas não era Fernando Henrique Cardoso ATEU, tucanetes de plantão? Ter coerência nos argumentos é imprescindível. Para mim, política e religião eram duas coisas autônomas e distintas, mas certa camada da população brasileira discorda veementemente. E nessa discordância, faz questão de espalhar burrices por aí afora. Sem deixar de lembrar o argumento tucanete que acusa a candidata de ser terrorista. Ninguém ingressa na vida guerrilheira à toa. PESQUISEMOS, ESTUDEMOS não vamos nos ater ao superficial da coisa. Particularmente, sou contra qualquer tipo de violência, seja ela armada, organizada ou não, mas diante de um período difícil e injusto como foi o da Ditadura Militar, não sei se acataria passivamente ao que a direita milita impunha. Você acataria?


Tabus que perduram até hoje

Por mais que estejamos vivendo em pleno século XXI, inúmeros tabus ainda perduram em nossa sociedade, sendo a homossexualidade um deles. Ontem tive a oportunidade de debater sobre esse assunto com duas pessoas queridas e que, por sinal, discordam de mim. A hipótese era: Há anos, uma grande parcela da população da cidade supõe que um grande empresário é gay. Se ele "saísse do armário", assumindo sua orientação sexual para Deus e o mundo seria um choque, certo? Sim. Mas por quê? De fato, todos desconfiavam, inclusive, comentavam entre si sempre que lhes ocorria, então por que o choque? Talvez eu esteja completamente sozinha nessa, mas não consigo entender a razão das pessoas terem tal reação quando na verdade deveriam pensar: "Que ótimo que ele tenha criado culhões para assumir sua real identidade sexual, que todos já desconfiávamos! Bravo!". E quando digo criar culhões quero dizer que tal ato requer muita coragem porque a homossexualidade não é tratada com naturalidade pela maioria das pessoas. Muitos desdenham os homossexuais como se sentir atração por pessoas do mesmo sexo fosse completamente condenável, sujo etc. e tal, o que pode prejudicá-los não só socialmente, como também profissionalmente. Garanto que o grande empresário que saísse do armário "misteriosamente" seria prejudicado em seu emprego. GARANTO. Infelizmente, um assunto que deveria ser visto naturalmente pela sociedade, uma vez que é comprovado que existe desde os primórdios, e que não deveria incomodar tanto os outros é TABU, é MAL VISTO, é "NOJENTO", é "FEIO", "NÃO É DE DEUS". A discriminação de qualquer cunho é condenável, não a orientação sexual (porque a sexualidade não é uma opção)das pessoas. É por isso que eu faço questão de defender os gays com unhas e dentes, pois não é justo ser prejudicado por algo que não depende de você para ser alterado. Você, leitor heterossexual, sabe explicar POR QUE você é heterossexual? Sabe explicar se você escolheu isso? Não, porque você NASCEU assim, tal como o homossexual. Algo que não consigo digerir, muito menos respeitar e ouvir são os homofóbicos e seus argumentos patéticos sobre as razões que os homossexuais dão para eles serem objeto de chacota. Por isso, se você é homofóbico, sujiro que assista esse vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=Y9UeKYF6sno

Acho que por hoje é só. Beijonãomeliga, Isadora C.

domingo, 24 de outubro de 2010

Por que não votarei em Serra, por Luis Bustamante



Não votarei em Serra porque seu eventual governo será um retrocesso em relação aos avanços sociais dos últimos oito anos. Entre 1994 e 2002, o binômio PSDB/DEM deu mostras de como governa. No governo FHC, do qual Serra foi ministro do planejamento e da saúde, o número dos muito pobres flutuou de 28,99 milhões para 28,17 milhões. No governo Lula, o número foi reduzido a praticamente metade, de 28,17 milhões para 15,54 milhões. O governo do PSDB/DEM gerou 5 milhões de empregos em 8 anos. O do PT gerou 15 milhões. Poderia citar mais e mais números, e o leitor já deve conhecê-los bem.

Argumentos que culpam a conjuntura econômica pelos maus resultados do governo FHC/Serra não se sustentam. Qualquer segundoanista de economia sabe que o mundo viveu um ciclo de expansão entre 1994 e 1998. Lula, ao contrário, enfrenta com sucesso, desde 2008, a pior recessão planetária dos últimos 70 anos.

Não votarei em Serra porque não desejo ver um inimigo do ensino público na presidência da República. O governo FHC/Serra, em oito anos, não criou nenhuma universidade pública. Professores sofreram arrocho salarial, sem um único reajuste. Estudantes foram prejudicados porque professores e pesquisadores aposentavam-se ou pediam demissão, e novos concursos eram proibidos. Hospitais universitários, como o da UFMG, foram fechados por falta de verbas. As instalações físicas das universidades sofriam em completa penúria. Enquanto isso, o ensino privado superior expandiu-se como nunca na história desse país.

O metalúrgico Lula, em sete anos, criou 14 universidades federais. As já existentes foram expandidas, concursos foram realizados e professores contratados, e os campi de todo o Brasil transformaram-se em canteiros de obras. Salários de professores e técnicos foram reajustados, a ponto de provocar críticas da revista Veja contra a “aristocracia acadêmica” das universidades federais.

Não votarei em Serra porque sua candidatura tem o apoio – e está sendo pautada – pela extrema direita. Se, no início da campanha, Serra posava como um doce Dr. Jeckyll liberal, agora exibe as presas de um feroz Sr. Hyde direitista. Serra quer ganhar a eleição a qualquer custo (ênfase no qualquer) e, para isso, foi cobrindo seu discurso com as camadas de ressentimentos acumulados por um espectro que vai dos elitistas demofóbicos à mais atávica direita fascista. A candidatura Serra conseguiu a proeza de arrancar das profundezas e perfilar integralistas, ex-torturadores, a linha-dura militar golpista e até a TFP que, recentemente, espalhou spams e distribuiu panfletos anti-Dilma em reuniões do PSDB.

Não votarei em Serra porque sua eventual vitória não se dará por méritos seus, mas por efeito dos boatos torpes difundidos por spams na internet e em púlpitos de igrejas. Sabe-se, graças a investigações feitas pelo jornalista Tony Chastinet, que alguns desses spams foram produzidos por uma organização chamada Tribuna Nacional, que abriga neonazistas e ex-informantes do Cenimar, centro de torturas da época da ditadura.

O conteúdo das mensagens de e-mail anti-Dilma revelam muito sobre os preconceitos de alguns setores da classe média. Reproduzidos em surdina, tais preconceitos afloram com toda a sua ferocidade em períodos de mobilização política. As mensagens agridem a candidata petista porque é mulher e divorciada – enquanto nada se viu, por exemplo, sobre Aécio Neves, também divorciado, mas homem –, porque foi guerrilheira, porque um dia se declarou agnóstica.

Não me convencem os que dizem que Serra não tem como controlar os boatos. O candidato peessedebista não só não quer controlá-los, mas os usa para angariar votos, haja vista as propagandas no horário gratuito abordando a polêmica do aborto. No debate da Band, Serra, mais devoto a cada dia, perguntou a Dilma se ela acredita em Deus. O católico praticante Lula nunca fez pergunta semelhante a Fernando Henrique, que se confessou ateu numa entrevista à Playboy de 1983.

Os boatos que, em 1989, impediram a vitória de Lula – de que iria dividir as casas dos pobres com os sem-teto, mudar as cores da bandeira, confiscar a poupança – revelaram, já durante a campanha, a baixa estatura moral de seu oponente Fernando Collor. A boataria atual, da mesma maneira, revela a de Serra.

Não votarei em Serra porque sua vitória significará uma derrota para o Estado laico. A separação entre Estado e religião é a primeira e basilar conquista política iluminista. Se Serra vencer, será porque assumiu as bandeiras dos setores mais intolerantes da direita religiosa brasileira, com a qual, certamente, terá compromissos a saldar. Não pensem que Serra está usando os religiosos para driblá-los depois. Pensaram o mesmo de Bush quando, graças ao apoio da direita religiosa, venceu Albert Gore em 2000. Os fundamentalistas irão cobrar a fatura depois.

Não votarei em Serra porque ele representa a mais abjeta demofobia cultivada por alguns setores da classe média urbana brasileira. Todos nós conhecemos pessoas que têm asco pelos de origem humilde. Gente esnobe, arrogante, que se sentiu ultrajada quando pobres e pretos passaram a freqüentar espaços antes exclusivos. A espetacular ascensão social ocorrida nos últimos sete anos transformou o asco em ódio. Ódio pelo Bolsa família, que encareceu e escasseou as antes servis e cordatas empregadas domésticas. Ódio pela nova classe C, que lotou as filas de espera dos aeroportos e colocou velha e nova classe média lado a lado nas poltronas dos aviões. Ódio pelos pobres que, agora, freqüentam universidades federais e particulares, graças ao Prouni. Se você, leitor, conhece gente assim, responda-me: em quem eles disseram para você que vão votar?

Não votarei em Serra porque ele não cumprirá as promessas que vem fazendo. Serra não tem programa de governo, e conduz sua campanha ao sabor dos apoios que recebe – grande imprensa, classe média, grupos religiosos, extrema direita, nessa ordem. No entanto, sabe que, para se eleger, precisará da adesão dos que melhoraram de vida nos últimos oito anos e têm gratidão por Lula. Para conquistar o voto dos mais pobres, Serra fez promessas – salário mínimo de 600 reais, bolsa família dobrada com 13º, aumento de 10% aos aposentados – que eu, você, os economistas do PSDB e ele mesmo sabemos que não irá cumprir. Sua vitória será um estelionato político semelhante ao de Collor, com a diferença de que, dessa vez, não terá a imprensa contra ele. Esse conto do vigário eleitoral, que aposta na boa fé dos que dependem do Bolsa Família e salário mínimo para sobreviver, denuncia, por si mesmo, os limites morais e éticos do candidato Serra.

Não votarei em Serra porque, caso ele vença, a liberdade de imprensa estará sob ameaça. Durante os oito anos de governo Lula e, mais ainda, nesta campanha presidencial, os quatro grandes grupos de mídia do país – Folha de São Paulo, Organizações Globo, Grupo Abril e Estado de São Paulo – mostraram flagrante parcialidade em favor do candidato da direita. Nas páginas dessas publicações e na tela daquela emissora, denúncias contra a candidata petista tiveram ampla repercussão e foram motivo para ilações e pré-julgamentos, enquanto as que atingiam Serra – caso Verônica Serra/Daniel Dantas, caso Paulo Preto/Dersa, por exemplo – não foram sequer noticiadas.

Quando, depois de investigadas, as acusações contra o governo e o PT se revelavam falsas – caso “escândalo da Receita”, por exemplo – a grande imprensa não publicava os desmentidos. Ao contrário, fazia novas acusações. Notícias negativas sobre o governo eram amplificadas, e as positivas, escondidas. Manchetes, fotografias, textos foram sobejamente distorcidos, descontextualizados, deslocados, recortados e ou simplesmente falsificados – a exemplo da ficha falsa de Dilma, na Folha –, para desconstruir a imagem da candidata petista.

Na eventualidade de uma vitória de Serra, a grande imprensa manterá uma postura laudatória, acrítica e bajuladora em relação ao seu governo. Um Serra sorridente, com a mão no queixo, será vendido como estadista nas capas de Veja, enquanto as estrelas ninjas vermelhas, os polvos juliovernianos, as hidras de sete cabeças e as fotos escurecidas em vermelho-sangue – as conhecidas técnicas de terrorismo gráfico de Veja, inspiradas nos cartazes do Terceiro Reich – continuarão a ser reservadas para a oposição de esquerda.

Os resultados do governo Serra pouco importarão, pois as informações serão sempre distorcidas a seu favor. Nesta campanha, a grande imprensa testou os limites da impunidade e percebeu o quanto são amplos. Por isso, perdeu o pudor de manipular. A censura do governo Serra não precisará de leis ou censores aboletados nas redações. Será censura branca, pautada pelas quatro famílias e seus prepostos que controlam a maior parte da informação veiculada no país.

Não votarei em Serra porque, em seu governo, haverá perseguição política contra os que pensam diferente. Essa perseguição será ao estilo macartista, uma “caça às bruxas” que dispensa cárceres, torturadores, polícia política e tribunais de exceção. Funcionários públicos serão perseguidos, postos na geladeira e terão suas carreiras paralisadas. Atores, diretores e roteiristas simpáticos ao PT não serão contratados pela maior emissora ou por sua produtora de cinema. Autores de esquerda não terão seus livros publicados pelas grandes editoras. Jornais e revistas críticos ao governo serão asfixiados pela falta de verbas da propaganda oficial.

Num eventual governo do PSDB/DEM, órgãos de imprensa demitirão jornalistas simpáticos à esquerda ou até mesmo os imparciais, a exemplo do que aconteceu com Maria Rita Kehl na semana passada, dispensada do Estado de São Paulo porque publicou um artigo elogioso ao presidente Lula. Serra é conhecido no meio jornalístico por agredir entrevistadores sempre que é confrontado por perguntas incômodas, e por disparar telefonemas às redações exigindo a cabeça de repórteres impertinentes.

O ambiente político será asfixiante, semelhante ao dos Estados Unidos na década passada. A vitória de Bush, em 2000, apoiado pela extrema direita religiosa e pelos neocons republicanos, criou um clima de intolerância neo-macartista que só perdeu força em seu segundo mandato, por causa do desgaste político da guerra do Iraque.

Não votarei em Serra porque sua campanha se baseia no ódio negativista, no ressentimento rancoroso. Desafio o leitor a encontrar um único texto de jornalista ou blogueiro, em apoio à candidatura Serra, que não contenha ataques a Lula, ao PT ou a Dilma em tom insultuoso. Se encontrar, lerei com prazer.

Não votarei em Serra e lamentarei muito sua eventual vitória. Que este escrito permaneça como registro de que não serei cúmplice desse retrocesso.





Sinceramente, precisa dizer mais? Texto FODA!

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Por que o frango atravessou a rua?


Freud: a preocupação com o fato de o frango ter cruzado a estrada é um sintoma de insegurança sexual.

Marx: o atual estágio das forças produtivas exigia uma nova classe social de frangos, capazes de cruzar a estrada.

Einstein: se o frango cruzou a estrada ou a estrada se moveu sob o frango, depende do ponto de vista. Tudo é relativo.

Darwin: ao longo de grandes períodos de tempo, os frangos têm sido selecionados naturalmente, de modo que, agora, têm uma predisposição genética a cruzar estradas.

Nietzsche: ele deseja superar a sua condição de frango, para tornar-se um superfrango.

Clarice Lispector: a essência do frango está nas suas patas. As patas têm o frango. Quem vê as patas, vê o frango. A essência das patas é o correr, o correr abstrato. A estrada é a essência do correr. Quem vê o correr, vê a estrada.

Filósofos da escola de Frankfurt: é uma questão medíocre imposta pelos mentores de uma arte de massas que transformou a imagem de um frango em mais um produto da indústria cultural.

Martin Luther King: Eu tive um sonho. Vi um mundo no qual todos os frangos serão livres para cruzar a estrada sem que sejam questionados seus motivos.

Newton: 1) Frangos em repouso tendem a ficar em repouso; frangos em movimento tendem a cruzar a estrada. 2) por causa da atração gravitacional exercida pelos outros frangos que já estavam do outro lado da estrada.

Agnósticos: é impossível saber se o frango realmente atravessou a estrada. A incerteza há de pairar eternamente sobre esta questão.

Céticos: dizem que ele atravessou, mas será que atravessou mesmo? Precisamos investigar tal questão detidamente antes de fazer qualquer declaração a respeito.

Investigadores forenses: as evidências coletadas no local da travessia indicam fortemente que o frango de fato atravessou a estrada.

Ateus: o frango não atravessou a estrada porque ele não existe. Isso é uma crendice estúpida.

Cristãos: isso é um mistério que somente deus pode responder.

Espíritas: o frango cruzou a estrada porque incorporou um espírito aventureiro.

Evangélicos: porque Jesus o ama.

Pastores da Igreja Universal: por 10% que eu te conto.

Chapolin Colorado: todos os meus movimentos são friamente calculados.

Feministas: para humilhar a franga, num gesto exibicionista, tipicamente machista, tentando, além disso, convencê-la de que, enquanto franga, jamais terá a habilidade suficiente para cruzar a estrada.

Silvio Santos: o frango atravessou a estraaaada lombardi… a-aiiii hi hi….

Carla Perez: porque queria se juntar aos outros mamíferos!

Platão: Porque buscava o bem.

Aristóteles: Está na natureza dos frangos cruzar a estrada.

Bill Gates: Acabo de lançar o Frango Office 2000, que não só cruza estradas, como também põe ovos, arquiva seus documentos importantes e acerta suas contas.

Buda: Perguntar isso nega a tua própria natureza de frango.

Hemingway: Para morrer. Sob a chuva.

FRANGO: com tanta coisa fiquei confuso e esqueci…

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Eleitores fanfarrões



Em tempos de eleições, o que mais observamos na sociedade brasileira são longas e exaustivas discussões entre oponentes políticos, o que pode ser considerado, de certa forma, um avanço político, uma vez que se trata de um claro reflexo da democracia em nosso país. No entanto, as rivalidades e discussões não ficam restritas somente aos candidatos, mas alcançam também os eleitores mais fervorosos, cujo posicionamento eu pretendo criticar neste texto.

Atualmente, vivemos em um mundo claramente dominado pelos avanços e retrocessos tecnológicos e pela supremacia do ciberespaço, o que é indiscutível. Essa realidade está presente na vida de todas as pessoas, umas mais e outras menos – dada a situação sócio-econômica de cada um-, o que faz com que estejamos expostos a uma imensidão de informações e notícias fornecidas pela Internet.

Ademais, nota-se que existem cada vez mais pessoas ingressando em sites de relacionamento, como o Facebook e o Twitter, o que permite uma aproximação mais intensa entre indivíduos que não necessariamente se conhecem pessoalmente. E são nesses dois sites específicos usados como exemplo a pouco que observo nitidamente os embates entre eleitores fervorosos. O adjetivo usado, obviamente, como instrumento de deboche desses seres que se julgam verdadeiros entendedores da política brasileira em geral.



Particularmente, não sou uma fã assídua de julgamentos, mas a situação está gritante e pretendo me manifestar. Os eleitores em questão são na grande maioria das vezes adolescentes de classe-média, sustentados pelos seus pais, que dividem seu tempo entre os estudos, baladas e Internet (e por Internet entenda-se SITES DE RELACIONAMENTO ou entretenimento cibernético barato e trash), sendo geralmente completos alienados, mergulhados que estão na sua realidade cômoda e pacífica. Sim, consiste em um rótulo generalizante, mas é o que observo claramente nos dias atuais.

Os adolescentes de 2010 adotaram o seguinte posicionamento político diante das eleições presidenciais:
- Aqueles que são filhos de empresários de grande ou médio porte, cujos interesses são meramente neoliberais, votaram no candidato José Serra;
- Aqueles que ainda acreditam que o Partido dos Trabalhadores seja aquele fundado por dirigentes sindicais, intelectuais de esquerda e católicos ligados à Teologia da Libertação, com um viés socialista democrático por sinal (como se isso se aplicasse à realidade atual do PT), e que querem ver um prolongamento do Governo Lula, votaram na candidata Dilma Rousseff;
- Aqueles que se cansaram das duas vertentes políticas majoritárias que vêm se sucedendo no poder sem apresentar mudanças radicais e efetivas no sistema votaram no candidato Plínio de Arruda;
- Já aqueles que lutam em prol do desenvolvimento sustentável aliado ao crescimento econômico, com um olhar voltado para a Educação, em suma, votam na candidata Marina Silva.

Sabendo-se do perfil dos eleitores jovens, podemos imaginar que os embates mais fortes se darão entre os eleitores do Lula, quero dizer, da Dilma e do Serra. Ambos candidatos FRAQUÍSSIMOS, por inúmeras razões que eu não preciso nem quero elencar, pois o texto que aqui escrevo não tem o objetivo de criticar nenhum candidato, mas sim os seus eleitores xiitas.

O que observo nos sites de relacionamento que faço parte são jovens vestindo a camisa de seus candidatos no sentido fundamentalista da coisa, o que é preocupante, visto que engajamento político não se resume a “vestir a camisa” do candidato favorito e procurar desvalorizar de todas as maneiras possíveis o candidato adversário. Não é como se os próprios eleitores estivessem disputando na corrida pelo Planalto. Pensando em defender o candidato preferido com todas as suas forças e argumentos, deixa-se de lado o olhar crítico e imparcial que analisaria todo o histórico do candidato e do partido político, numa onda de “adoração cega” que é predatória.

Em suma, o grande fator que faz com que a política brasileira esteja fadada ao fracasso é esse personalismo tão forte que se mantém em vigor desde meados dos anos 50. E este ainda existe por conta de eleitores fervorosos xiitas que se metem a defender com unhas e dentes personalidades políticas que nem sequer se importam verdadeiramente com o que pregam.