segunda-feira, 22 de julho de 2013

"Never underestimate the power of denial"

A máxima da vida é que as pessoas não querem a verdade, aquilo que é na essência o real; almejam verdades convenientes, embasadas em suas expectativas e nos seus mais íntimos desejos. Ninguém é o que é, mas sim o que nos parece e convém. Quando as máscaras caem e a real identidade das pessoas é mostrada, acuamo-nos, ficamos verdadeiramente intimidados. Ainda que a verdade seja boa, ela assusta, haja vista o fato de haver uma preferência coletiva em lidar com achismos. O maior dos achismos é aquele que se refere ao amor. Este intenso sentimento nos induz a cometer os mais gravosos equívocos de julgamento. Enxergamos a pessoa amada como ela é AOS NOSSOS OLHOS, não simplesmente como ela é na realidade concreta. Porque o afeto é a necessidade precípua do ser humano, gostar de alguém significa compartilhar, dividir e multiplicar, tudo ao mesmo tempo. Assim, cegamente nos entregamos, passando a enxergar os fatos com suavidade, relativizando-os. O genial filme "Beleza Americana" aborda bastante essa ideia, e traz em seu roteiro uma frase, que sem sombra de dúvidas resume o que ora abordo: "Nunca subestime o poder da negação." Negar a verdade, negar a essência do que realmente é e encontra-se diante de nós- de maneira explícita ou não-, passando a enxergar aquilo que se anseia, em subterfúgios íntimos, que estão em contato com nosso lado mais vulnerável. Este é, sem sombra de dúvidas, o deslize mais comum e perigoso inerente a nós, seres humanos. Em suma, perigoso porque a realidade assombra, quer estejamos de acordo ou não, quer encontremo-nos preparados ou não. A verdade é como uma força da natureza, nos foge ao controle, é autônoma e, independente de nossos esforços em mascará-la, tal como um tsunami, ela chega, de maneira vertiginosa e poderosa. Nietzsche, por sua vez, discorreu algo que facilmente pode se relacionar com tudo isso: “O juízo moral tal como o juízo religioso baseia-se em realidades que não o são. A moral é unicamente uma interpretação de certos fenômenos, dito de forma mais precisa, uma interpretação falsa. O juízo moral, da mesma forma que o religioso, corresponde a um grau de ignorância ao qual ainda falta o conceito real, a distinção entre o real e o imaginário: de tal forma que, a esse nível, a palavra <> designa simplesmente coisas a que nós hoje chamamos <>.” Noutro giro, outra obra igualmente brilhante cuja temática mantém íntima relação com o que exponho no presente texto é o livro "Ensaio Sobre A Cegueira". No entanto, a cegueira branca tratada no livro supramencionado vai além, inclui um debate acerca de ética, moral, amor ao próximo, tudo isso junto às mazelas humanas mais baixas. Assim sendo, ficarei adstrita à negação da realidade, de modo que a minha mensagem é basicamente o que Saramago nos propõe a refletir logo no começo da obra: "Se podes olhar, vê; se podes ver, enxerga." Como diria a personagem Sofia, de Vanilla Sky: "Open your eyes."