Há alguns anos, tenho observado uma significativa alteração no padrão social imposto àqueles que, por anedota da vida ou por mero exercício do livre-arbítrio, optaram por levar uma "vida de solteiro" (fase da poligamia sexual e afetiva). A solteirice contemporânea é um quadro que desperta certa curiosidade em minha pessoa e, portanto, tentarei tecer algumas considerações a respeito, no desiderato de analisar alguns dos paranauês relativos a esta complexa, porém deliciosa temática.
Nessa senda, insta salientar a visualização de uma verdadeira guerra conceitual entre o "superado" moralismo tradicionalista do passado e discursos fazendo verdadeira ode à plena manifestação da liberdade sexual, objeto de árduas batalhas no passado e sem a qual jamais teríamos os privilégios e a relativa autonomia da qual gozamos nos dias atuais (perdoem-me o trocadilho, hehe).
No entanto, o que já representou intenso engajamento político virou, em grande parte das vezes, mera banalização do corpo e do ato sexual em si. Os excessos traduzindo-se em verdadeira libertinagem sexual, algo que um filósofo russo contemporâneo fez menção em uma entrevista à Folha, no ano passado: a tal "etiqueta pós-moderna permissiva e pragmática em relação ao sexo".
Hoje em dia transar é algo tão banal, previsível, presumido, recomendado e vendido pela mídia, que toda aquela lenga-lenga romantiquinha da conquista foi perdendo força, paulatinamente. Trata-se, pois, da revolucionária desmitificação do sexo enquanto tabu.
Como resultado desse pragmatismo contemporâneo em relação à temática em comento, emergem desesperados movimentos tentando re-implantar a caretice machista de outrora e, sob outra ótica, como resposta, discursos neo-feministas reafirmando o conceito de liberdade plena do corpo; a defender, basicamente, o divino direito ao gozo, amém.
Trata-se do grito da matéria, da imperativa necessidade de dar a devida atenção às necessidades do corpo, que nos são inerentes, desvinculando-se da famosa culpa cristã, fortemente arraigada no (in)consciente coletivo desde a Idade das Trevas.
Assim sendo, nascem diversos questionamentos, tais como: Por que não dar voz aos anseios da pele? A reprovação social no tange à poligamia sexual, desenfreada ou não, merece respaldo? A resposta pode parecer óbvia, mas não é tão simplista e imediata quanto aparenta.
Todavia, defendo no presente texto a LIBERDADE PLENA À ESCOLHA. Há uma rivalidade brutal entre as duas vertentes ideológicas, em que cada uma ridiculariza a outra com escopo de impor-se e vencer, por fim, o debate. Pode parecer uma colocação polêmica e até mesmo retrógrada, mas defendo aqui o debate, não a vitória; o RESPEITO, e não a hostilidade.
O livre-arbítrio deve guiar as escolhas de cada um e resta a nós praticar o difícil exercício de procurar não julgar. A felicidade é o axioma máximo da vida e devemos procurá-la das infinitas maneiras que nos forem particulares e plausíveis. Vejo moderninho zuando religioso celibatário; crente desmerecendo os sexualmente ativos, e por aí vai, numa rixa sem fim.
Em suma, minha mensagem é: escolha o que te faz feliz, assuma as consequências de seus atos com responsabilidade e procure se relacionar com quem pactue da sua crença, pois viver em pé de guerra é a maior das penitências. Mais paz de espírito e menos guerra psicológica, por favor.
Entristece-me, e muito, quem se deixa guiar por pensamentos mastigados e depois vive amargurado com a repercussão da escolha. Aquele que quer bancar o fodalhão modernex e come geral apenas pra se reafirmar e lograr verdadeiro êxito social, sustentando o desapego, mas no íntimo é a própria Juju carente (jogue no Youtube); ou, noutro giro, aquele que carrega uma imensurável culpa por nutrir em si desejos de ordem sexual e sequer pratica sexo ou a boa e velha masturbação.
O lance, meus caros, é desprender-se de terceiros e imergir-se nos íntimos anseios da alma, visando atender àquilo que lhe faz bem, que não representa um pesado fardo, que, no final das contas, você carregará sozinho. As máscaras são desgastantes e acabam com toda a graça, haja vista o fato de não representarem nossa real faceta.
Quando a máscara cai, A CASA CAI JUNTO, parceiro. Poupe-se desse desmoronamento e viva de acordo com suas regras e crenças, sem rivalizar gratuitamente sem embasamento algum.
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