Há alguns anos pude perceber que, no que se refere aos relacionamentos entre as pessoas, é possível notar uma série de padrões comportamentais que se reiteram continuamente nas vidas de todos aqueles que se propõe, ainda que de maneira superficial, a viver um “romance”. Tenho pessoal afeição pelo tema relacionamentos ainda que esteja relativamente distante de compreender ou falar com propriedade destes, haja vista ter meros vinte e um anos de existência terrena. Não obstante isso, aventuro-me observando o modo como as pessoas e eu mesma nos relacionamos e o que se repete, como se estivesse implantado no famoso “inconsciente coletivo”. A tendência comportamental que pretendo discorrer a respeito é o fato de que o desinteresse de um é um dos fatores que mais parece despertar interesse no outro no delicado campo da conquista.
Todos já tivemos uma determinada pessoa em nossas vidas que por mais que nos esforçássemos em demonstrar todo interesse do mundo, expondo as nossas melhores qualidades, selecionando assuntos que gerariam as conversas mais produtivas e encantadoras, simplesmente parece não produzir reação alguma no alvo em questão, uma vez que este se mostra indiferente ou até mesmo desinteressado, monossilábico. Dói. Dá raiva. Desgasta. Irrita. Deixa-nos com uma incógnita em mente: “O que será que fiz de errado? Como consertar?”. Possivelmente o alvo não seja lá o melhor partido do mercado (geralmente não é), mas pelo simples fato de ter esnobado, torna-se o último dos moicanos, a pessoa mais interessante da face da Terra, um desafio pessoal, uma conquista imprescindível.
Acredito que a ideia de não obtermos êxito na tentativa de conquistar alguém tem um efeito negativo muitas vezes avassalador, pois toca na ferida da vaidade, do ego, onde mais dói. O filme “A Estranha Perfeita” traz em seu roteiro uma frase genial que se aplica a esta questão em particular: “Stroke a man’s dick, you get him for one night. Stroke a man’s ego you get him for life.” Traduzindo a parte que nos é interessante: Derrube o ego de um homem e você o terá. Mas a ideia se aplica igualmente às mulheres, valendo reiterar que sempre na específica fase de conquista, tanto para os homens quanto para as mulheres.
De alguma maneira inacreditavelmente idiota e mais comum do que possa parecer, afeiçoamo-nos de forma quase obsessiva por aquele que nos desdenha ou simplesmente não dá reciprocidade ao irrefreável desejo pelo romance. Há também a hipótese em que a pessoa corresponde ao interesse pelo romance, mas não na mesma proporção advinda da expectativa idealizada em mente. Em todas essas situações, ferrou-se: nasce a paixão, a ideologia por trás de todas as justificativas que nós damos aos amigos e a nós mesmos para tentar explicar a simples rejeição e a maneira como ela pode ser contornada. Não conheço uma única alma viva que não tenha vivenciado a situação Tom/Summer do sensacional “(500) Days of Summer”.
A verdade nua e crua é: as pessoas jamais irão corresponder inteiramente às expectativas que nelas depositamos, mas ainda assim, mesmo tendo ciência disso, foge ao nosso controle não criá-las, de maneira a deixar as coisas fluírem sem pensar no que pode vir a acontecer caso a paquera se desenvolva para algo sério em um futuro distante. Algumas pessoas conseguem não se deixar dominar pela angústia oriunda da expectativa, porém, negar sua presença é mentir para si mesmo. O ser humano é racional, de modo que pensar, refletir e muitas vezes viajar na maionese é inerente à espécie.
Contudo, o que estou querendo abordar é a seguinte questão: alguém não demonstrar interesse deixa-nos fulos por dentro, fazendo com que um inevitável questionamento acerca do nosso próprio valor se instaure, de maneira que acabamos nos apegando à ideia de conquistar a pessoa a fim de silenciar esta voz de auto reprovação que passa a nos assombrar. Talvez conquistando essa pessoa que não está nem um pouco afim seja possível manter intacta a dignidade, a estima por si próprio. Portanto, ouso afirmar que os sentimentos que decorrem destas situações específicas não são belos, românticos e dignos de serem almejados. É por esta simples razão que a paixão decorrente desses flertes em que um polo demonstra extremo desinteresse e o outro, extrema devoção, vão por terra uma vez que o atrativo principal se perde: a pessoa desinteressada torna-se interessada. Porque meu bem, apenas o seu desinteresse interessa.
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